Milla Jovovich: “As pessoas passam o dia todo me odiando de uma forma terrível”
Há dois tipos de filmes baseados em vídeo-games: O primeiro tipo tem total e absoluto desrespeito pelo material original ao ponto de os fãs poderem, confortavelmente, ignorar a sua existência.
E então, há o outro tipo; o filme baseado no game que se situa entre o filme criativamente negligente e a “tão rara” excelente adaptação dos games para o cinema.
É esse o filme que – dependendo da pessoa a quem você perguntar – receberá opiniões que vão desde “uma divertida brincadeira” até “destruiu o meu amor por (insira o nome da franquia aqui)”.
Os filmes de Resident Evil, de Paul W. S. Anderson, parecem se encaixar nessa categoria. Enquanto a maioria dos fãs consegue separar os filmes dos games e curti-los pelo o que são, outros irão amaldiçoar todos aqueles que se envolveram com o filme.
Do mesmo modo, a estrela destes filmes, Milla Jovovich – que faz o papel de Alice – sabe uma ou duas coisas sobre isso.
Nos sentamos com a atriz “A-list” de Hollywood e conversamos sobre Resident Evil: Afterlife, a série e a reação dos fãs.
Agora Alice perdeu os seus poderes vindos do T-Virus e se tornou mais humana. Você pediu por essa mudança?
De modo algum. Foi uma grande luta. Eu dizia “Eu quero os meus super poderes! Como você ousa tirá-los de mim?!” Paul [W.S. Anderson, o diretor] disse “Confie em mim. O que faremos se tudo o que ela faz é dar uma explosão psíquica em tudo? Você precisa voltar a lutar novamente, como uma pessoa real”.
Então eu disse: “Okay, tudo bem. Contanto que eu ainda seja fodona”.
É um desafio desenvolver um personagem baseado em um game?
Bom, Alice nunca foi parte do mundo do jogo Resident Evil. Na primeira vez que encontrei Paul, para falarmos sobre o primeiro filme Resident Evil, eu disse que queria fazer o papel de Jill Valentine.
Ele disse: “Sim, mas as pessoas não sabem quem é Jill Valentine. Só um pequeno grupo de pessoas joga esse game e há um público potencialmente grande lá fora”
Mas se vamos falar sobre a história da Jill, há um grande enredo complexo para esses personagens - e você não vai querer ficar preso a isso, tendo que usar os enredos da Capcom.
Daí a Capcom tira alguém do time (de criação do game) e de repente o enredo muda.
Então ele precisou criar um personagem que fosse um pouco mais parecido com o público. Um inocente inserido na trama com o qual eles pudessem se identificar sem precisar saber de toda sua história.
Houve uma reação negativa dos fãs “hardcore” que ficaram irritados por Alice não ser uma personagem original dos games?
Oh, Sim. Há tipo 15 pessoas no mundo que passam o dia todo me odiando de verdade. Tipo, terrivelmente me odiando, com paixão. Eles sempre me escrevem.
Eu vos digo “Por que vocês simplesmente não fazem um script?” Mas se você perguntar a um fã hardcore sobre algo, ele terminaria descordando de um outro fã hardcore por aí.
Outro fã hardcore deve pensar que os hunters deveriam estar no filme. O que são os hunters? São sapões. Há muitos personagens nos games de Resident Evil que não são muito fotogênicos.
Você acha que, neste momento, já conquistou os fãs?
Tudo o que eu posso te dizer, com base na minha página do twitter, é que há muitos fãs da série Resident Evil que amam a Alice e a franquia, e que pensam que se você quer o game, então deve jogá-lo. O jogo é um mundo em expansão.
Não dá para você agradar a todo mundo. E os fãs hardcore são fãs hardcore, e você nunca vai agradá-los, não importa quantos sapões e abelhas gigantes você coloque no filme.
O que há na Alice que lhe faz querer continuar a interpretá-la?
Bom, eu sempre fui uma fã de personagens femininas que são verdadeiramente fortes e que amadurecem com o tempo. Cresci assistindo Thundercats, She-ra e lendo gibis.
Sempre fui muito fã de ficção científica e romances de fantasia, como a série “The Dune” e “Dragonlance”. Eu cresci como uma verdadeira nerd louca por fantasia. Também cresci fazendo aulas de dança, então o trabalho corporal sempre fez parte de minha vida.
Quando eu tive a oportunidade de fazer parte deste filme, me pareceu divertido de verdade, pois era o jogo favorito de meu irmão, e ele tinha 13 anos na época.
Eu não gostava de vê-lo jogando o game sozinho, então eu sentei com ele e de repente fui trazida para esse mundo. Nós ficávamos sentados jogando juntos por horas e horas, conversando sobre o game.
Eu achei que seria ótimo se eu pudesse surpreender meu irmão e dizer: “Adivinha? Eu sou a garota do Resident Evil”. Então eu fiz isso mais por causa dele. Nunca esperei que um pequeno filme fosse se tornar uma bola de neve como se tornou.
Neste ponto, eu conheci meu marido através do filme, e dediquei ao filme quase 10 anos de minha vida, e o filme me dá a oportunidade de fazer o que eu tanto amo, que é voar e fazer acrobacias malucas.
Tradução: Nichya
Fonte: http://www.computerandvideogames.com/article.php?id=283593
