Creio que geralmente toda série tenha sua essência, que dificilmente pode ser repetida num novo episódio.Vejamos o exemplo da série tema do site. Resident Evil 1 reapresentou um clima de terror em uma mansão, visto pela primeira vez no game Sweet Home. Claro que devido aos recursos, conseguiu fazer muito melhor e abrir o verdadeiro portal para o Survival Horror. Mikami e toda a produção do jogo não esperava muito sucesso, mas eis que o jogo fez o contrário e se tornou uma popular franquia. Em tese - pelo menos no sentido de vendas - seu sucessor o superou, se tornando um dos jogos mais vendidos da Capcom até hoje. E assim foi indo.
Agora, por mais que RE2, RE3 e companhia tenham sido muitos bons, o RE1 foi o original, foi a essência, foi o início. Seria muito difícil conseguir superar o original em termos de essência, mas note que estou usando verbos no pretérito imperfeito, pois nessa série aconteceu algo ráro.
Lançado em novembro de 2002 (o original foi em 1996), surge um remake do Resident Evil clássico, para Nintendo Game Cube. Diferente de muito remake por ai, este sem dúvidas supera o clássico em tudo, até na essência.
Por onde posso começar a falar dessa obra? Vejamos...
Não pense que só porque terminou o original que se dará bem neste. Segundo o diretor do jogo, o Remake (chamado de alguns por Rebirth) mudou cerca de 70% do original.
O clássico hall da Mansão de Spencer está muito mais lindo. Ficou mais sombrio, com ótimos efeitos de relâmpago, novas áreas - como a porta que leva ao cemitério localizada no quadro central e um portão subterrâneo localizado embaixo das escadas. E por falar em novos lugares, a mansão está maior. Muitas áreas novas foram criadas, enquanto outras já existentes foram ampliadas. Sem falar em detalhes e outros objetos acrescentados.
Os quebra-cabeças ainda estão lá, só que alguns foram mudados, supostamente para dar maior desafio aos jogadores que já decoraram as soluções dos antigos. Lembram-se da sala dos quadros? Ela ainda está lá, mas ao invés de decifrar as fases da vida, agora você deve desvendar o segredo de um trio de espíritos e cores. E as crests então? Você pega uma delas e fica esperando outras para abrir a porta para a Guardhouse, mas só uma está presente, a Wind. Diferente da versão original, aqui ela não é necessária para se terminar o jogo. Você pode vir a usa-la para pegar a magnum, no cemitério. Como pode perceber, duas coisas diferentes da versão original.
Isso pode dificultar mais as coisas, e falando em dificultar, o jogo está mais difícil. Algumas portas estão eternamente trancadas e outras ficam com a maçaneta quebrada, obrigando você a dar a volta pela mansão. Alguns zumbis, caso não queimados ou deceptados, ressuscitam depois de um tempo na forma de Crimson Heads (zumbis vermelhos mais velozes e furiosos). Estes são só exemplos de dificuldade.
E os sustos então... Quem não lembra da parte em que Cerberus pulam da janela para te pegar? Aqui, quando se passa pelo corredor, as janelas apenas trincam. Só depois de muito tempo, quando você menos espera, a cena antiga ocorre, te pegando desprevinido.
E não, o jogo não da medo. Deixo claro que, em minha opinião, nenhum RE dá medo. Ainda acho que o que dá mais sustos é o Dead Aim, mas pelo menos percebi que o Remake dá mais sustos que o RE1 original.
- Spoiler:
Levei um susto e tanto quando a Yawn ataca na biblioteca!
Os personagens estão ainda melhor. Barry se parece mais com um bom pai de família, em constante disputa com a lealdade de seus camaradas. Rebecca aumentou seu carisma no jogo e que é protagonista, o Resident Evil Ø. Ao se jogar este e depois o Remake, vemos que é um baita de uma continuação. Ela está idêntica, como se o Ø fosse a primeira parte de um filme e o Remake a segunda. Jill e Chris parecem mais humanos. Destaque para a cena em que Jill vomita após ver um zumbi podre e nojento saindo da banheira. E por último temos Wesker. Ele está mais frio e com as mesmas características do Ø, do 4 e do Umbrella Chronicles.
Por se tratar de um jogo que se passa depois de RE2, RE3 e RECV, muita história já feita foi usada para ampliar a original.
Há referências a Alexia Ashford e William Birkin. Num relato do G-virus (e o Progenitor que é mencionado também), Birkin deixa claro sua rivalidade com a pequena Alexia, mostrada no Wesker's Report. Sem contar com a história por de trás da família Trevor, que seria inicialmente colocada na versão original. Tudo isso em prol da magnífica história. E vale uma observação para as roupas secretas de Jill e Chris. Jill possui sua roupa de RE3 e Chris a sua do RECV. Eis outra vantagem de ser um jogo criado após o original.
As músicas continuam as mesmas, só que remixadas num ar mais macabro. O gráfico é uma maravilha para um jogo da 6ª geração. Só foi uma pena o port para Wii, de 2008, não receber suporte para uma resolução melhor. Com o cabo componente, não passa de 480p =/
Mas enfim, o verdadeiro Resident Evil - que substitui o original na cronologia - é uma maravilha. Dá gosto joga-lo, ainda mais se for fã. Curti tanto que teve vezes que fui andando pelo cenário, para contemplar o trabalho bem feito.
Para você que é fã da série, façam o possível para jogar o Remake. Ele fará seus olhos brilharem!!!